Você guardou aquelas velhas notas herdadas dos avós e sempre quis saber se elas podem render um bom dinheiro? As cédulas do Cruzeiro emitidas entre 1942 e 1967 estão entre as mais procuradas da numismática brasileira. Mesmo após sete décadas, exemplares em ótimo estado podem alcançar valores bem acima do seu poder de compra original. Neste artigo, mostramos o que determina o preço de cada peça, indicamos cotações recentes de catálogo e revelamos onde negociar suas notas com segurança.
Breve história das cédulas do Cruzeiro (1942-1967)
Em 1º de novembro de 1942, o governo de Getúlio Vargas substituiu o mil-réis pelo Cruzeiro, adotando a razão de 1 Cr$ para cada 1 000 réis. A Casa da Moeda lançou uma série completa de cédulas do Cruzeiro que ia de 1 a 1 000 cruzeiros, trazendo personalidades como Rui Barbosa, Pedro Álvares Cabral e, mais tarde, Juscelino Kubitschek.
Entre 1956 e 1967 surgiram novas famílias com mudanças de cor, tamanho e assinaturas de ministros da Fazenda. A enorme inflação dos anos 1960 fez com que o governo planejasse outra reforma em 1967, criando o Cruzeiro Novo (NCr$). Por isso, os derradeiros lançamentos — especialmente as notas de 500 e 1 000 cruzeiros de 1966 — acabaram circulando por pouco tempo, aumentando seu apelo entre colecionadores.
Hoje, essas emissões representam um recorte fascinante da economia nacional e, dependendo da raridade, podem valer de poucos reais a cifras na casa dos milhares.
Como os colecionadores determinam o valor de uma nota antiga
O preço de mercado de qualquer cédula do Cruzeiro depende de quatro fatores principais:
- Estado de conservação – De “Muito Bem Conservada (MBC)” até “Flor de Estampa (FLO)” existe diferença de 5× ou mais.
- Série e assinatura – Mudanças de ministro da Fazenda geraram séries curtas, consideradas raras.
- Erros de impressão – Falhas de corte, numeração repetida ou cores trocadas multiplicam o valor.
- Oferta e demanda – Quanto menos exemplares sobreviventes, maior o preço em leilões.
Catálogos como Vieira 2024 e Ribeiro 2023 são referência para estimar preços. No entanto, o valor real só se confirma em transações entre colecionadores, feiras ou plataformas de leilão online.
“Uma mesma nota de 1 000 cruzeiros de 1963 pode valer R$150 em MBC e ultrapassar R$800 em FLO”, destaca o numismata mineiro José F. Silva.
Cotações recentes: veja exemplos de quanto cada nota pode render
A tabela abaixo resume preços médios observados em catálogos e leilões nos últimos 12 meses. Os valores são para peças em Flor de Estampa; exemplares circulados tendem a valer 60-80 % menos.
- Cr$ 1 – 1943 (Estampa 1A): R$ 50
- Cr$ 5 – 1950 “Tiradentes”: R$ 80
- Cr$ 10 – 1949 “Rui Barbosa”, série 541A: R$ 120
- Cr$ 50 – 1956 “JK” c/ erro de numeração: até R$ 400
- Cr$ 100 – 1954 “Pedro Álvares Cabral”: R$ 250
- Cr$ 500 – 1962 primeira tiragem: R$ 300
- Cr$ 1 000 – 1963 “Barão do Rio Branco”: R$ 400
- Cr$ 1 000 – 1966 “Pedro II” com falha de corte: R$ 1 500 ou mais
Note que a densidade de oferta varia muito. Cédulas de 1 cruzeiro costumam ser comuns, enquanto os altos valores de 500 e 1 000 cruzeiros são disputados, pois poucas pessoas guardavam notas de grande poder de compra.
Dicas de conservação para manter (e aumentar) o valor da peça
Mesmo que você não pretenda vender agora, preservar suas cédulas do Cruzeiro é essencial. Veja práticas recomendadas:
- Guarde cada nota em envelope “sleeve” de polipropileno livre de PVC.
- Mantenha-as em local seco, longe de luz solar direta e de umidade.
- Manuseie usando luvas de algodão para evitar gordura e suor.
- Nunca passe ferro ou dobre a cédula para “alisar”; isso destrói fibras do papel.
- Fotografe as duas faces e registre a numeração para controle de autenticidade.
Com esses cuidados, a nota se mantém em alto grau de conservação e pode valorizar de 5 % a 10 % ao ano, segundo registros de leilões brasileiros.
Onde comprar ou vender cédulas do Cruzeiro com segurança
Na hora de negociar suas cédulas do Cruzeiro, escolha canais confiáveis. As opções mais populares são:
- Casas de numismática – Lojas especializadas presentes nas capitais oferecem avaliação gratuita.
- Feiras e encontros – Eventos como o Ennumis, em São Paulo, reúnem dezenas de compradores.
- Leilões online – Plataformas como Brasil Moedas Leilões e MegaLeilões possuem proteção ao comprador.
- Grupos em redes sociais – Úteis para pesquisa de preço, mas exija intermediação segura antes de enviar a nota.
Para vender, fotografe em alta resolução, descreva estado de conservação e, se possível, mencione o número de catálogo (ex.: “Vieira 133c”). Isso transmite profissionalismo e reduz dúvidas dos interessados.
Com informação correta e boa conservação, aquela nota esquecida na gaveta pode se transformar em uma renda extra surpreendente. Explore o universo da numismática brasileira e descubra o valor histórico — e financeiro — que você tem em mãos.