Você tem o hábito de passar o olho nas moedas antes de colocá-las no cofrinho ou na carteira? Se a resposta for não, talvez esteja abrindo mão de uma verdadeira fortuna. Alguns erros de cunhagem transformam simples moedas de 1 real raras em peças disputadas, capazes de render milhares de reais em leilões numismáticos. A seguir, conheça os três equívocos mais cobiçados, descubra por que eles valem tanto e aprenda a reconhecê-los em poucos segundos.
Por que erros de cunhagem viram peças valiosas?
Entre os colecionadores, a lógica é simples: quanto menor a tiragem e mais curiosa a falha, maior o preço. Moedas bimetálicas como as de R$ 1, fabricadas pela Casa da Moeda desde 1998, envolvem dois discos — um anel externo de aço inoxidável e um núcleo interno de aço revestido de bronze. Isso aumenta a complexidade da produção e, consequentemente, a chance de surgirem defeitos únicos.
Especialistas explicam que somente 1 moeda com falha severa escapa para cada lote de 40 000 peças. “Quando esse exemplar chega às mãos do público, ele se torna um unicórnio numismático”, afirma o leiloeiro André Trigueiro, em entrevista ao portal Brasil Numismática. Essa raridade, somada à demanda de colecionadores, impulsiona cotações que podem oscilar de R$ 1 000 a R$ 7 000, dependendo do estado de conservação.
Reverso invertido: o erro mais conhecido e fácil de testar
O chamado reverso invertido ocorre quando o verso da moeda é cunhado em posição contrária ao anverso. Para verificar, segure a moeda com o número “1” de frente para você e gire-a no eixo vertical. Se a efígie da República aparecer de cabeça-para-baixo, você tem uma peça potencialmente valiosa.
- Ocorrência: principalmente nas séries 2010, 2012 e 2014.
- Conservação flor de cunho: até R$ 3 500.
- Conservação comum: valores entre R$ 500 e R$ 1 500.
Dica rápida: use um ímã. Reversos invertidos genuínos mantêm o padrão metálico original; versões falsificadas apresentam soldas ou cortes visíveis perto do núcleo.
Núcleo deslocado: quando o anel não encaixa onde deveria
Outro erro que faz as moedas de 1 real raras dispararem de preço é o núcleo deslocado. Nesse caso, o disco central fica deslocado alguns milímetros, deixando um espaço irregular entre o núcleo e o anel externo. A falha surge por pressão inadequada durante a prensagem.
Para identificar:
- Observe se a borda interna apresenta uma “porta” sem encaixe uniforme.
- Cheque se a legenda “BRASIL” invade a área prateada da moeda.
- Procure fissuras — elas são sinais de rompimento durante a cunhagem.
Os exemplares mais extremos, em que o núcleo encosta na borda do anel, já foram arrematados por R$ 5 800 em leilão realizado pela Sociedade Numismática Brasileira em 2023. Peças com deslocamento menor, porém visível a olho nu, giram na faixa dos R$ 900 a R$ 2 000.
Ausência de núcleo: a lenda do “anel fantasma”
Imagine encontrar uma moeda inteiramente prateada, sem o disco dourado. É o erro chamado ausência de núcleo, conhecido popularmente como “anel fantasma”. A falha ocorre quando o núcleo de bronze deixa de ser inserido antes da prensagem final.
“Só três unidades desse tipo foram registradas oficialmente até hoje”, destaca o catálogo Catálogo Ilustrado Moedas com Erros (Edição 2024).
Por tamanha escassez, num leilão realizado em Curitiba no fim de 2022, um colecionador pagou R$ 7 000 por um exemplar em condição soberba. Caso encontre uma moeda assim, mantenha-a guardada em cápsula e procure avaliação profissional antes de negociar.
Cuidados para vender suas moedas raras e evitar golpes
Descobriu que tem alguma das moedas de 1 real raras acima? Siga estes passos para maximizar o lucro e reduzir riscos:
- Autenticação: solicite laudo de casas numismáticas reconhecidas, como SNB ou BHM Leilões.
- Conservação: evite limpar a peça com abrasivos; isso derruba até 40% do valor.
- Plataformas seguras: opte por leilões certificados ou marketplaces de reputação sólida, que oferecem intermediação e seguro.
- Documentação: guarde fotos em alta resolução e recibos de transação; transparência aumenta a confiança do comprador.
Vale lembrar que o Código Penal enquadra a venda de moedas adulteradas como crime de estelionato. Portanto, jamais tente “criar” defeitos em casa. Além de ilegal, os especialistas identificam a fraude rapidamente e a peça passa a valer zero.
Agora que conhece os detalhes dos principais erros de cunhagem, dê aquela conferida no porta-moedas, no cofre das crianças e até nas gavetas esquecidas. Quem sabe não está ali a próxima raridade que vai turbinar seu orçamento? Boa garimpagem!
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