As notas de 200 reais, lançadas há três anos pelo Banco Central, enfrentam baixa circulação no Brasil.
Apenas 30% das 450 milhões impressas estão em uso, em contraste com as notas de R$ 1 ainda em circulação.
Especialistas apontam o crescimento do uso de meios digitais como o Pix e cartões como razões para a escassez.
Além disso, a inflação reduziu o poder de compra das cédulas de alto valor.
Apesar dos desafios, o BC afirma que a nota de 200 reais continuará em circulação, sendo uma parte significativa do valor total de dinheiro físico no país, estimulando o debate sobre o futuro das cédulas de alto valor.
Notas de 200 reais se valorizaram no mercado
Há mais de três anos, o Banco Central (BC) introduziu a nota de 200 reais, com o lobo-guará estampado, no mercado brasileiro.
Lançada em setembro de 2020, a nova cédula foi uma resposta ao aumento do número de saques para formação de reserva e à retirada do auxílio emergencial durante a pandemia. No entanto, passados três anos, a nota ainda não circula com facilidade no país.
Dados do Banco Central mostram que apenas 134 milhões de cédulas de 200 reais estão em circulação, representando 30% das 450 milhões impressas.
Em contraste, há ainda mais de 148 milhões de notas de R$ 1 em circulação, apesar de terem sido retiradas de circulação em dezembro de 2003.
Para comparação, as notas de R$ 50 e R$ 100, as mais comuns no Brasil, somam 1,7 bilhão e 1,8 bilhão, respectivamente.
Apesar da escassez percebida, o Banco Central afirma que a nota de 200 reais continuará em circulação, sem previsão de retirada.
A autoridade monetária destaca que, embora represente apenas 1,8% da quantidade de cédulas, a nota de 200 reais compõe 8,3% do valor em circulação, totalizando R$ 26,8 bilhões.
Especialistas comentam a situação
O professor de Economia do Ibmec, Luiz Carlos Gama, atribui a baixa circulação da nota ao lançamento do Pix em 2021. “O Pix rapidamente se tornou popular, reduzindo o uso de cédulas.
Além disso, os cartões e pagamentos via celular também contribuíram para essa mudança,” comenta Gama.
Ele também aponta para um erro de análise política na época, destacando que o volume produzido de notas de 200 reais foi desnecessário, especialmente com o advento do Pix.
Eduardo Menicucci, professor de Economia e Finanças da Fundação Dom Cabral, concorda e adiciona a inflação como um fator contribuinte.
“Hoje, usar uma nota de R$ 100 em um táxi não é mais um problema. A inflação reduziu o poder de compra, diminuindo a necessidade de notas de valor tão alto,” explica Menicucci.
Ele também lembra que durante o período do auxílio emergencial, o pagamento foi transferido para um cartão virtual, diminuindo ainda mais a necessidade de cédulas físicas.
Segurança e preferências dos consumidores
Outro ponto levantado por Menicucci é a segurança. Ele observa que muitas pessoas preferem não carregar cédulas de alto valor por questões de segurança e que alguns estabelecimentos já não aceitam dinheiro em espécie.
“Estamos em um novo momento, onde a segurança e a conveniência de métodos de pagamento digitais estão prevalecendo,” diz Menicucci.
Ainda assim, Menicucci não acredita que a nota de 200 reais será retirada de circulação.
“É mais provável que a nota de R$ 2 seja retirada antes da de 200 reais. No entanto, com o tempo, a inflação pode reduzir ainda mais o valor percebido dessa cédula,” analisa.
Custos de produção e benefícios da nota de 200 reais
Apesar dos desafios, há vantagens na cédula de 200 reais. Gama destaca que o custo de produção de uma nota de 200 reais é o mesmo de uma nota de R$ 20, R$ 0,52, gerando uma senhoriagem maior.
Isso torna a produção da nota de 200 reais economicamente vantajosa.
O tamanho das notas também foi discutido.
A cédula de 200 reais foi feita com as mesmas dimensões da nota de R$ 20 devido à urgência de sua fabricação. Houve preocupações quanto à acessibilidade para deficientes visuais e à adaptação das máquinas de contagem e caixas eletrônicos.
No entanto, o Banco Central assegura que as cédulas possuem marcas em alto-relevo para facilitar a identificação pelo toque.
Assim, não se sabe o futuro das notas de 200 reais para os colecionadores.